Morte de secretário gera manifestação em Santo Estêvão

Miriam Hermes
  • Luiz Tito | Ag. A TARDE
    José Agnaldo foi assassinado em casa. O Fiesta branco dele foi recuperado pela polícia - Foto: Luiz Tito | Ag. A TARDE
    José Agnaldo foi assassinado em casa. O Fiesta branco dele foi recuperado pela polícia
A comunidade está chocada com o assassinato de José Agnaldo Barreto de Almeida, 42,  secretário de Educação do município de Santo Estêvão, a 140 km de Salvador. Manifestantes interditaram a BR-116 por cerca de três horas, na manhã desta segunda-feira, 4.
O protesto foi motivado pela morte do professor de história com mestrado em gestão pública, que ocupava o cargo na administração municipal desde 2012, e pela onda de violência que aterroriza os moradores.
"Queremos que o Governo do Estado nos ajude. Não dá mais para viver assim", desabafou a dona de casa Edna Cedro, 36. Para buscar esse apoio, entidades representativas já estão se mobilizado para reivindicar encontro com o secretário de Segurança, Maurício Barbosa, para pedir reforço na repressão à violência.
O corpo do secretário municipal foi encontrado por familiares dentro da casa em que ele morava sozinho, com as mãos amarradas e com marcas pelo corpo, causadas por objeto perfurocortante, como faca ou estilete, de acordo com o delegado Marcelo Neves.
Ele afirmou que algumas pessoas foram ouvidas ainda ontem e que a polícia já tem uma linha de investigação que deverá levar à autoria do crime. Entretanto, não adiantou detalhes "para não atrapalhar os trabalhos". O corpo de José Agnaldo será sepultado hoje, às 9h no cemitério São Francisco de Assis, em Santo Estêvão.
De acordo com o primo da vítima, Nilton Cláudio Almeida, a família ficou arrasada com o crime, que levou o prefeito Orlando Santiago a decretar luto oficial por três dias, com funcionamento apenas dos serviços considerados essenciais para a população.
Nilton contou que por volta das 5h30 a mãe de José Agnaldo e um irmão dele foram até sua casa, no bairro Bosque,  "porque ela estranhou que no final do domingo o filho não tinha feito nenhum contato, como fazia todos os dias, e passou a noite preocupada porque ele sofria de pressão alta".
Conforme relatos dos familiares, assim que se aproximaram da casa eles perceberam o portão  aberto e o cachorro amarrado, o que não era comum. "Quando a mãe abriu a porta da casa (ela tem uma chave) logo viu que estava toda bagunçada", contou Nilton, sem conter a comoção.
Carro e celular roubados
Os familiares não encontraram o celular nem o carro da vítima. Embora a casa estivesse toda revirada, os eletrodomésticos e outros objetos de valor não foram levados. O veículo do secretário foi localizado pouco tempo depois, em uma estrada de chão, nos arredores da Avenida Rio Branco, perto do cemitério.
O coordenador regional da 1ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin) de Feira de Santana, delegado João Uzzum, esteve na cidade ontem com a equipe de investigadores e prepostos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), para fazer a perícia do local do crime. Os laudos vão subsidiar a polícia na identificação dos responsáveis.
Violência na cidade
No dia 29 de março, quando 12 mortes violentas já haviam sido registradas no município este ano,  uma manifestação levou às ruas de Santo Estêvão uma multidão estimada em cinco mil pessoas. Participaram lideranças comunitárias e políticas, representantes do Poder judiciário e líderes de classe, para cobrar mais segurança.
Com a solicitação da volta do 'toque de acolher' após as 11h da noite para menores de 16 anos desacompanhados e monitoramento com câmaras em mais de 30 pontos da cidade, os organizadores do movimento recolheram assinaturas em um documento que foi entregue no Fórum local.

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